domingo, 3 de agosto de 2008

A moça na janela. Crônica por Edna Costa

Sempre que ele olhava para a janela, via a moça triste a suspirar. Que sombrios pensamentos teria ela agora, perguntou-se o jovem? Sabia da sua historia e sentia pena ao lembrar. Ela tinha o olhar perdido e a expressão carregada por toda dor que passara. Quem desconhece a dor do amor? Do amor que machuca e deixa marcas para a vida toda? O amor bandido não faz distinção entre moça feia ou bonita e ela descobriu isso ainda bem jovem.

Era bonita e vestia-se modestamente, mas com bom gosto. Tinha longos cabelos castanhos que caiam como cascatas em cachos sobre os ombros. Os olhos castanhos e profundos realçavam a pele muito alva e sedosa. A boca delicada era rosada naturalmente, mas ela a contornava com batom quase do mesmo tom. Quando falava era cativante e todos gostavam muito dela.

Assim que ela o viu pela primeira vez, apaixonou-se. Tinha dezoito anos, muitos sonhos e seu coração
ansiava encontrar um príncipe encantado. Disse para a amiga que a acompanhava: vou me casar com ele! A amiga sorriu com certo deboche, pois sabia que o rapaz tinha namorada firme. Avisou-a e ela não fez o menor caso, como se não tivesse escutado.

Outras vezes que o viu, notou que ele a olhava com interesse também. Eram tempos mais pudicos e ela não entendia como ele, namorando firme, mostrava interesse por outra garota que não a noiva. Enfim chegou o dia em que ele a convidou para passear e ela com o coração acelerado e com alguma culpa aceitou. O amor às vezes nos faz agir como tolos e por ele perdemos a razão.

Passearam por uma praça perto de sua casa, falando de banalidades; quando ele pegou suas mãos, disse que estava apaixonado e que se ela o aceitasse largaria tudo para ser feliz ao seu lado. Logo pediu permissão para seu pai para namorá-la e começaram a fazer planos para o futuro. Ele mostrava-se apaixonado, faziam um belo par e estavam felizes. Já se passara quase dois anos quando ficaram noivos e marcaram a data do casamento.

Mas o jovem bonito era volúvel e, mais uma vez,
envolveu-se com outra sem que ninguém soubesse. Quando deram pelo fato, a jovem já estava grávida e com o pai dela nos calcanhares dele. Naqueles tempos ou casava ou morria e ele optou pela lógica. A moça da janela não suportou; sofreu um colapso nervoso tendo que ser internada num hospital onde passou alguns dias em completa alienação.

Quando voltou para casa, sua vida nunca mais foi a mesma. A ingenuidade e a alegria de viver esvaiu-se, juntamente com a decepção que sofrera. Nas noites mornas de céu enluarado e estrelas faiscantes, debruçava-se na janela com ar triste e olhando a cidade, chorava. Mas a vida tem que seguir adiante. Que peça mais o destino pregou na moça da janela? Ah! Isso já é assunto para uma próxima crônica, que vocês poderão acompanhar na próxima semana.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá! vc não postou essa semana. Eu disse q ia acompanhar, estou!

Abraços

Edna Costa disse...

Bom dia, minha querida. Desculpe-me pela falha em não ter colocado a crônica nessa semana. Estou saindo p/trabalhar agora, mas à noite colocarei, sem falta. Grande beijo e tenha uma semana abençoada.