sábado, 15 de agosto de 2009

MENINA FLOR. Final. Crônica por Edna Costa. 20/06/2008.

MENINA FLOR. Final. Crônica por Edna Costa. 02.01.2009.
Quando o telefone tocou, Flor pulou do sofá como se uma mola invisível a tivesse impulsionado. A voz trêmula saiu como um lamento numa noite escura e fria, enquanto as lágrimas começaram novamente a brotar. Sua mãe acalmou-a dando instruções de como deveria agir.
Apesar das incertezas, desligou o telefone e começou a arrumar uma pequena mala com alguns poucos pertences seus e de Maria Flor. Não precisou esperar muito pela chegada do Zé, que entrou cabisbaixo e calado.
Ela então pegou a menina, a mala e disse que estava indo embora para que ele pudesse ficar com a comadre, os filhos e tudo o mais que tinham. Ele a olhava incrédulo sem saber o que fazer ou dizer. Flor agiu rápido dizendo que ligaria para combinarem as visitas dos filhos e outros detalhes e saiu batendo a porta.
Chegou na casa da mãe com o coração aos pedaços e a esperança de que tudo que ela lhe dissera se concretizasse. O Zé, apesar das dúvidas que lhe atrapalhava os pensamentos foi buscar Gorete e pediu que viesse com ele para começarem uma nova vida, juntos e felizes.
Passado algum tempo os dois já discutiam por qualquer coisa e Gorete estava arrependida de ter aceitado vir tomar conta de todos, pois o trabalho era estafante e os meninos faziam de tudo para infernizar a vida dela. A empregada tambem não colaborava e a convivência de todos estava ficando tensa.
Depois de três meses brigaram feio! Gorete disse que não gostava dele o suficiente para encarar aquela barra e que tudo havia sido um enorme engano. Ela partiu e ele ficou na porta relembrando a mesma cena, só que com Flor. Ah, se a gente pudesse voltar atrás e não errar e nem sofrer, pensou com amargura.
Dias depois ligou para Flor e disse estar arrependido. Queria que ela voltasse para casa e o perdoasse por tudo o que havia feito. Fez mil promessas e, plagiando a música do Roberto, disse que dali pra frente tudo seria diferente.

Pronto! Tudo acontecia conforme sua sábia mãe tinha previsto. Flor prometeu que iria pensar a respeito e desligou o telefone exultante. Deixou passar dois dias, ligou para o Zé e disse para ele ficar no portão da casa com os filhos que ela iria chegar por volta das oito horas da noite.
Quando a viu chegando, Zé não escondeu sua alegria. Flor começou a falar em tom muito alto, o que atraiu os vizinhos para fora de suas casas. Era exatamente o que ela queria e então pediu para o marido repetir na frente de todos, as promessas que havia feito pelo telefone e como forma de “selar” tudo isso exigiu que ele se ajoelhasse e pedisse perdão, no que foi atendida prontamente.
A partir daquele dia o Zé voltou a ser o pai, marido e amigo que sempre fora. Os filhos foram casando, os netos chegando e os anos desfilando dias tranquilos, que lembravam o rio caudaloso que corria mansamente para o mar.
Há alguns anos atrás o Zé saiu para pedalar e foi atropelado por um motorista bebado. Partiu naquele momento, deixando Flor e os filhos inconsoláveis e com a certeza de que a vida nunca mais seria a mesma sem a presença dele.
Em dias de saudades, Flor senta-se na velha cadeira de balanço, na varanda, fecha os olhos e ainda parece ver o Zé chegando das bandas do rio em sua querida magrela, assobiando feliz e despreocupado.
Final. Crônica por Edna Costa. 02.01.2009.
Quando o telefone tocou, Flor pulou do sofá como se uma mola invisível a tivesse impulsionado. A voz trêmula saiu como um lamento numa noite escura e fria, enquanto as lágrimas começaram novamente a brotar. Sua mãe acalmou-a dando instruções de como deveria agir.
Apesar das incertezas, desligou o telefone e começou a arrumar uma pequena mala com alguns poucos pertences seus e de Maria Flor. Não precisou esperar muito pela chegada do Zé, que entrou cabisbaixo e calado.
Ela então pegou a menina, a mala e disse que estava indo embora para que ele pudesse ficar com a comadre, os filhos e tudo o mais que tinham. Ele a olhava incrédulo sem saber o que fazer ou dizer. Flor agiu rápido dizendo que ligaria para combinarem as visitas dos filhos e outros detalhes e saiu batendo a porta.
Chegou na casa da mãe com o coração aos pedaços e a esperança de que tudo que ela lhe dissera se concretizasse. O Zé, apesar das dúvidas que lhe atrapalhava os pensamentos foi buscar Gorete e pediu que viesse com ele para começarem uma nova vida, juntos e felizes.
Passado algum tempo os dois já discutiam por qualquer coisa e Gorete estava arrependida de ter aceitado vir tomar conta de todos, pois o trabalho era estafante e os meninos faziam de tudo para infernizar a vida dela. A empregada tambem não colaborava e a convivência de todos estava ficando tensa.
Depois de três meses brigaram feio! Gorete disse que não gostava dele o suficiente para encarar aquela barra e que tudo havia sido um enorme engano. Ela partiu e ele ficou na porta relembrando a mesma cena, só que com Flor. Ah, se a gente pudesse voltar atrás e não errar e nem sofrer, pensou com amargura.
Dias depois ligou para Flor e disse estar arrependido. Queria que ela voltasse para casa e o perdoasse por tudo o que havia feito. Fez mil promessas e, plagiando a música do Roberto, disse que dali pra frente tudo seria diferente.

Pronto! Tudo acontecia conforme sua sábia mãe tinha previsto. Flor prometeu que iria pensar a respeito e desligou o telefone exultante. Deixou passar dois dias, ligou para o Zé e disse para ele ficar no portão da casa com os filhos que ela iria chegar por volta das oito horas da noite.
Quando a viu chegando, Zé não escondeu sua alegria. Flor começou a falar em tom muito alto, o que atraiu os vizinhos para fora de suas casas. Era exatamente o que ela queria e então pediu para o marido repetir na frente de todos, as promessas que havia feito pelo telefone e como forma de “selar” tudo isso exigiu que ele se ajoelhasse e pedisse perdão, no que foi atendida prontamente.
A partir daquele dia o Zé voltou a ser o pai, marido e amigo que sempre fora. Os filhos foram casando, os netos chegando e os anos desfilando dias tranquilos, que lembravam o rio caudaloso que corria mansamente para o mar.
Há alguns anos atrás o Zé saiu para pedalar e foi atropelado por um motorista bebado. Partiu naquele momento, deixando Flor e os filhos inconsoláveis e com a certeza de que a vida nunca mais seria a mesma sem a presença dele.
Em dias de saudades, Flor senta-se na velha cadeira de balanço, na varanda, fecha os olhos e ainda parece ver o Zé chegando das bandas do rio em sua querida magrela, assobiando feliz e despreocupado.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi amiga, adorei sua crônica! Gosto muito do seu jeito de escrever.
Um beijo direto do Brasil, Sp>Saõ Bernardo do Campo.
Maria Helena
Pink Forever

Edna Costa disse...

Amiga, suas palavras chegaram num momento em que eu precisava muito. Obrigada por fazer parte da minha vida e por, ao passar aqui, deixar esse carinho. Beijão e fique na paz.