segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

QUASE NATAL! Crônica por Edna Costa. 23/12/2007

Domingo - 23/12/2007, antevéspera de natal. Depois de uma noite bem dormida, acordei tarde com o som melodioso de um saxofone tocando "gingo bell". A pessoa continuou tocando outras melodias, algumas conhecidas e outras não. Pensei como é maravilhoso ter algum dom na vida, nem que seja um simples, como cozinhar, bordar ou simplesmente ser dona-de-casa.

Percebi que ele (ou ela) era um aprendiz pois apresentava alguma dificuldade, vez por outra, errando uma nota. Mas, isso não tirava nem por um segundo a beleza das músicas, que fez meu dia começar otimista e feliz. Espreguicei-me e sorri, pensando que seria uma delícia se pudesse começar todo dia assim.

Para completar, um bando de pássaros veio fazer arruaça na minha janela do quarto. Pareciam estar comemorano antecipadamente as festas e chilreavam alegres uma grande sinfonia, tal qual uma orquestra afinada. Ou quem sabe, faziam acompanhamento ao som do saxofone, que nesse momento tocava uma música melancólica.

Olhei para o céu cinzento, prenúncio de chuva ou neve e divaguei pensando nos obstáculos que nós superamos nesse ano que vai terminando. Foi um ano que tivemos alguns problemas bem sérios, mas Deus na sua infinita sabedoria, nos mandou respostas e esperanças como presentes de natal.

Fiz uma prece de agradecimento e levantei-me para iniciar mais um dia, não sem antes lançar mais um olhar para o céu e imaginar como seria nosso natal e ano novo. Mentalizei pensamentos positivos, para que esse sinal fosse mandado para o universo e retornasse para nossas vidas em forma de bençãos, sabendo que isso, sim, é possível, sempre que seja feito com fé.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Borbulhas de amor. Crônica por Edna Costa. Nov.17.2007.

Quando a moça feia entrou no vagão do metrô semi-cheio atraiu alguns olhares curiosos e outros indiferentes. Usava um vestido estampado e trazia na mão uma bolsa pequena demais para seu tamanho. Nos pés, sapatilha preta com pulseira amarrada no tornozelo. Uma presilha de cada lado do cabelo dava o toque final da simplicidade.

Olhou ao redor à procura de um lugar para sentar. Sua fisionomia demonstrava cansaço, mas sorriu consigo mesma ao localizar um assento vazio e partiu rápidamente para o espaço, antes que alguém o fizesse. Era gorda e precisou de algum esforço para passar para o canto do banco.

Acomodada, passou as mãos pelos cabelos mal cuidados, puxou o vestido para que cobrisse os joelhos grossos à mostra, ajeitou a pequena bolsa no colo e soltando um longo suspiro deu uma olhadela nas pessoas que estavam ao alcance de sua vista. Parecia tentar analisar um a um, dando assim o troco, como fizeram com ela.

Finalmente virou o rosto redondo para a janela e pela sua expressão notava-se que mergulhara em pensamentos agradáveis. De vez em quando olhava demoradamente para o relógio como se contasse os minutos para chegar. Cerrava os olhos e voltava a suspirar.

Quando chegou ao seu destino, levantou-se tão rapidamente quanto sentara e ficou esperando impaciente, a porta abrir. Foi andando ligeira ladeira abaixo até a saída, onde espiou sorrateira por cima das grades como se procurasse alguém.

Sorriu e desceu as escadas saltitante. À sua espera estava um rapaz magro, e feio como ela. Usava calça jeans, camiseta e tênis surrado. Veio ao seu encontro estendeu-lhe as mãos trazendo-a para junto de si e beijou-a no rosto com carinho. Sussurrou alguma coisa junto ao ouvido da moça que a fez se encolher e rir, fazendo-a parecer por um breve momento um pouco menos feia.

Deram a volta em um velho fusca desbotado e o rapaz abriu-lhe a porta num gesto de cavalheirismo, já em desuso nos dias atuais. A moça agradeceu com um beijo terno, entrou e ajeitou-se no banco, repetindo quase o mesmo gesto que fizera no metrô. O rapaz entrou, afagou-lhe os cabelos, ligou o carro e partiram.

Eu, que acompanhei toda a cena desde a entrada da moça no metrô, até a partida do carro, posso jurar que do escapamento do fusca, ao invés de poluição, saíram muitas, muitas borbulhas de amor.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

ENIGMA RESOLVIDO. Crônica por Edna Costa. 02.18.2007

Tenho feito muitos amigos pela internet e alguns se tornaram especialmente importantes na minha vida. Hoje vou falar da Cleide, uma pessoa que conheci há pouco mais de um ano mas parece que já fomos muito ligadas em outras vidas.

Depois que nos tornamos amigas virtuais nos falamos por telefone algumas vezes e por e-mail com bastante freqüência. Temos mil e um assuntos e se a conversa for por telefone tagarelamos por horas a fio tal a quantidade de coisas para contar. Descobrimos também que temos bastante coisa em comum mas ao mesmo tempo somos bem diferentes.

A Cleide é uma pessoa que fala pausadamente e eu nervosamente. Ela já tem sua vida resolvida e eu ainda tenho pendências para resolver até chegar lá. Ela morou em vários lugares do mundo e agora aportou definitivamente no Brasil enquanto eu ainda navego em mares encapelados e não sei exatamente quando vou conseguir jogar a âncora e ficar.

E assim vamos indo até que hoje por acaso descobri o porque de uma estranha sensação que se apossa de mim toda vez que leio e-mail ou falo com essa amiga
querida. Tão fácil de entender e eu demorei todo esse tempo para chegar à chave do enigma.

A Cleide vive num local paradisíaco, meio isolado, onde discos voadores são (ou não?) vistos por alguns moradores locais, chamados de simplórios ou caboclos da terra. Outro dia ela até mandou uma foto do local que presumivelmente seria usado para os discos "pousarem" à noite.

Por várias vezes essa amiga tem mandado sinais para que eu saiba verdadeiramente quem é ela e eu, nada! Agora, juntando prosas, e-mails e dicas finalmente cheguei à conclusão reveladora. Repasso um trecho do último e-mail da Cleide para explicar meu raciocínio.

- “Amiga, aqui a chuva continua. Desde dezembro não tivemos um só dia sem chuva. Eu não me importo; o tempo não tem nenhuma influência sobre mim (a não ser o calorão), mas tudo fica úmido, cheirando mal, as roupas, tudo ! Nós e até as paredes estão começando a ficar verdes. Fazer o quê?”

Agora vejamos: O local que ela construiu para viver chama-se "Pousada Dona Marica" (Pousada lembra pouso...dos discos), o povo diz que vê OVNIs (as fotos do local parecem confirmar isso) e agora ela deu a derradeira dica dizendo que tudo e todos estão ficando verdes (colocando a culpa na chuva) e finalmente a sensação esquisita que sempre sinto quando tenho algum tipo de contato com ela.

BINGO!!! Resolvi o enigma! Estava tudo tão claro. Eu realmente tenho uma amiga super especial e estou feliz por isso. Ah! desculpa Cleide, você tem tentado me falar nas entrelinhas esse tempo todo e eu ainda não tinha conseguido decifrar o código:

VOCÊ É UMA MARCIANA!!!

domingo, 2 de dezembro de 2007

A neve chegou, de novo. Crônica por Edna Costa.

Domingo, 02.12.2007. Hoje o dia começou com temperaturas 5 graus abaixo de zero e está nevando. O espetáculo é lindo de se ver (minha grande paixão) mas causa muitos aborrecimentos. Já escutei as pessoas raspando a neve com pás e imaginei que depois dessa tarefa, terão jogado bastante sal grosso nas calçadas.

Ligo a televisão e o reporter, em tom grave, fala da neve, dos problemas e dos acidentes (ou quase) que ela já causou ou ainda pode causar. Quando vem as grandes nevascas então, todo mundo fica em estado de semi-histeria. Aqui é assim mesmo, eles fazem de tudo uma notícia grandiosa.

Por outro lado, a prefeitura de New York (e de outras cidades) já estava preparada desde ontem com caminhões limpa-neve e outros carregados de sal para limpar as ruas e estradas, evitando assim muitos acidentes. Como sempre, nesse país é tudo muito organizado!

Entro nas notícias on-line e fico imaginando meu filho e nora que vivem no Canadá, terem que enfrentar um inverno como há muito não se via (l3 anos), de 40 graus negativos! Isso sim, vai dar o que falar no mundo e principalmente, aqui em casa.

Na verdade todos nós esperamos com ansiedade essa fofura branca e encantadora. Se não neva até o fim do ano ficamos um tanto decepcionados e se neva no natal a felicidade torna-se visível, apesar dos problemas que ela causa.

Bom, hoje à noite virão duas americanas jantar aqui em
casa. Estou pensando numa coisinha simples, mas ainda
não sei o que. Estrogonoffe, talvez seja uma opção boa e fácil de fazer. De acompanhamento, arroz branco, batata palha e salada mista com queijo de cabra. Vamos ver se não mudo de opinião e acabo fazendo outra coisa.

Agora vou sair da net para começar os preparatórios. De vez em quando pararei minhas tarefas e ficarei alguns momentos distraida olhando pela janela, esse maravilhoso espetáculo da natureza, a neve.